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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Quando nascem os espinhos

Como ministro de louvor, eu falo muitas vezes da vida pautada pelo exemplo de Cristo, de como devemos deixar Cristo transformar nossas mentes e principalmente nossos corações, tirando o ódio, os ressentimentos e os fardos. Entretanto, nunca pensei que me veria novamente cheio de ódio ou rancor, deixando de lado o amor que um dia me transformou.


Talvez você esteja chocado com essa declaração, mas Cristo sempre nos encorajou a sermos sinceros e transparentes. Veja o medo que ele demonstrou aos seus discípulos horas antes de se entregar por mim e por você. Mascarar nossos defeitos com aparente perfeição é uma tolice e como o apóstolo Paulo disse, quando estou fraco é que sou forte.

Mas você pode estar se perguntado como alguém que conhece a Cristo pode deixar que a raiva e o ressentimento voltasse ao seu coração? Para isso eu tenho que contar uma parábola que Cristo usou com seus discípulos: a parábola do semeador (Mateus 13.1). Vocês devem conhecer, mas mesmo assim é necessário recontar aqui.

CADA CORAÇÃO, UM SOLO

Ele comparou nosso coração a quatro tipos de solos e a sua palavra como uma semente plantada nestes solos.

No primeiro caso, algumas sementes caíram à beira do caminho, elas nem chegaram a germinar, muito menos a criar raízes pois os passarinhos a comeram antes disso, ou seja, são as pessoas que ouvem o evangelho mas não o recebem; pessoas que não estão dispostas a deixar seu próprio caminho, suas tradições ou seus ideais. Assim, o inimigo tira as sementes antes que essas germinem e criem raízes. São pessoas com grande potencial mas não estão dispostas a serem trabalhadas, a abrir mão de si mesmas.

No segundo caso, algumas sementes caíram num solo cheio de pedras; elas até chegaram a brotar e a criar raízes, mas tais raízes eram muito pequenas para tirar os nutrientes necessários da terra e assim acabaram morrendo pelo sol fustigante. Talvez você já tenha se deparado com este tipo de pessoa. Era aquele irmão que você viu receber o evangelho com alegria, que cultuou com você durante algumas semanas, mas que um dia você só se deparou com um banco vazio. A semente que estava em seu coração até chegou a criar raízes, mas elas estavam muito superficiais e quando vieram as dificuldades e sofrimentos, a planta não conseguiu tirar seu sustento.

No terceiro caso, algumas sementes caíram em um solo com espinhos, elas germinaram e criaram raízes mas os espinhos, que nasciam junto, a sufocaram. Esses são aqueles que não vigiam e não cuidam das preocupações e sentimentos que brotam junto com o amor de Cristo. Num piscar de olhos se veem cheio de amargura, raiva e ressentimentos.

Cá estava eu. Me vendo com raiva das pessoas, de familiares e questionando o porque Deus não me respondia.

Jesus nos instruiu a vigiar e orar (Mateu 26.41). Vigie primeiro, ore em seguida. Vigie aquilo que está brotando junto com a palavra restauradora de Deus; vigie para que o amor não dê lugar a raiva e ao ressentimento. Muitas vezes Deus permite uma luta, não para testarmos, mas para aperfeiçoarmos no amor, na caridade, na paciência. E como ele falará conosco quando nossa raiva nos ensurdece? Difícil.

Meu erro foi deixar de vigiar e por isso acabei magoando as pessoas que eu amava, num contexto no qual eu tinha que amar. As vezes fico me perguntando se não fosse a Graça de Deus, o que seria de mim.
"Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se cada manhã; grande é a sua fidelidade!" (Lamentações 3.22-23)
Portanto, que nossos corações sejam como o quarto e último solo, aquele onde a semente germinou, que vieram as dificuldades mas suas raizes estavam de tal modo profundas que conseguia tirar os nutrientes necessários para continuar a crescer; que quando surgiram os primeiros espinhos, estava alerta para tirar os primeiros espinhos antes que o sufocassem. A semente que cresceu e deu frutos.

Que Deus te abençoe, discípulo e que a cada dia ele nos dê a oportunidade de acertar e, principalmente, de amar. Fuja da aparência do mal, mas se errar não se envergonhe de confessar seu erro, pois Cristo continua de braços abertos para te perdoar. Amém?

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